«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

EDGAR ALLAN POE (1809-1849) - 200 ANOS APÓS A SUA MORTE



Escritor: poeta, romancista, crítico literário e editor norte-americano.
Poe é considerado, juntamente com Jules Verne, um dos precursores da literatura de ficção científica e fantástica modernas.
A família de Edgar Allan Poe era escocesa-irlandesa. O seu pai era actor e abandonou a família em 1810, a mãe, também actriz, morreu de tuberculose em 1811. Poe foi viver com uma família bem sucedida, que nunca o chegou a adoptar. Depois de frequentar a escola de Misses Duborg em Londres, e a Manor School em Stoke Newington, Poe ingressou na Universidade da Virgínia, em 1826, que só frequentou durante um ano, devido a ser expulso, pela sua vida aventureira e boémia.
Na sequência de desentendimentos com o seu padrasto, relacionados com as dívidas de jogo, Poe alistou-se nas forças armadas, em 1827. Nesse mesmo ano, Poe publicou o seu primeiro livro, Tamerlane and Other Poems. Depois de dois anos de serviço militar, acabaria por ser dispensado. Em 1829, a sua madrasta morreu e Poe reconciliou-se com o padrasto, que o auxiliou a entrar na Academia Militar de West Point, da qual foi expulso por desobidiência, facto que motivou que o seu padrasto, nunca mais lhe falassse. Poe publicou o seu segundo livro,
Al Aaraf.
Poe foi para Blatimore, viver com uma tia viúva e com a sua filha Virginia. Durante esta época, Poe usou a escrita de ficção, como meio de subsistência e tornou-se editor do jornal Sothern Literary Messenger em Richmond, tendo trabalhado até 1837. Neste intervalo de tempo, Poe acabaria por casar, em segredo, com a sua prima Virgínia, de treze anos, em 1836.
Mudou-se para Nova Iorque e a seguir para Filadélfia e publicou, The Narrative of Arthur Gordon Pym. Em 1839, tornou-se editor assistente da Burton's Gentleman's Magazine e nesse mesmo ano, foi publicada, em dois volumes, a sua colecção, Tales of the Grotesque and Arabesque (Histórias Extraordinárias), que, apesar do insucesso financeiro é apontada como um marco da literatura norte-americana.
Durante este período, Virgínia soube que tinha tuberculose. A doença da mulher levou Poe ao consumo excessivo de álcool e, algum tempo depois, deixou a Burton's Gentleman's Magazine, para procurar um novo emprego. Regressou a Nova Iorque, onde trabalhou brevemente no Evening Mirror, antes de se tornar editor do Brodway Journal. No início de 1845, foi publicado, no jornal Evening Mirror, o seu popular poema, The Raven ("O Corvo").
Em 1846, o Brodway Journal faliu, Poe mudou-se para uma casa no Bronx, hoje conhecida como Poe Cottage e aberta ao público, onde Virgínia morreu. Cada vez mais instável, após a morte da mulher, Poe tentou um novo relacionamento com a poeta Sarah Helen Whitman, mas o noivado falhou, devido ao comportamento errático e alcoólico de Poe. O escritor tentou o suicídio por sobredosagem de láudano. Depois regressou a Richmond, onde retomou a relação com Sarah, uma paixão de infância, que tinha enviuvado.
Contrariamente à maioria dos autores de contos de terror, Poe usou uma espécie de terror psicológico nas suas obras,os seus personagens oscilam entre a lucidez e a loucura,quase sempre cometendo actos infames ou sofrendo de alguma doença. Seus contos são sempre narrados na primeira pessoa.
Em 1849, Poe foi encontrado nas ruas de Baltimore, com roupas que não eram as suas, em estado de delirium tremens, e foi levado para o Washington College Hospital, onde veio a morrer quatro dias depois. Poe nunca conseguiu estabelecer um discurso suficientemente coerente, de modo a explicar como tinha chegado à situação na qual foi encontrado. As suas últimas palavras teriam sido, de acordo com determinadas fontes, «It's all over now: write Eddy is no more», («Está tudo acabado: escrevam Eddy já não existe»).
ANÁLISE LITERÁRIA
As obras mais conhecidas de Poe são Góticas, um gênero que ele seguiu para satisfazer o gosto do público. Os seus temas mais recorrentes lidam com questões da morte, incluindo sinais físicos dela, os efeitos da decomposição, a reanimação dos mortos e o luto. Muitas das suas obras são geralmente consideradas dentro gênero do romantismo negro, uma reacção literária ao transcendentalismo, o qual Poe não gostava.
Além do horror, Poe também escreveu sátiras e contor de humor. Para dar um efeito cômico, ele usou a ironia e a extravagância do rídiculo. De facto, "Metzengerstein", a primeira história que Poe publicou, e sua primeira incursão em terror, foi originalmente concebida como uma paródia, satirizando o gênero popular. Poe também reinventou a ficção científica.
A escrita de Poe reflecte as suas teorias literárias, que ele apresentou nas suas críticas e também em peças literárias, como "The Poetic Principle". Ele não gostava de didaticismo e alegoria, pois «acreditava que os significados na literatura deveriam ser uma subcorrente sob a superfície. Trabalhos com significados óbvios, deixam de ser arte». Ele acreditava que o trabalho de qualidade deveria ser breve e concentrar-se em um efeito específico e único. Para isso, o escritor deveria calcular cuidadosamente todos sentimentos e idéias. Em "The Philosophy of Composition", é uma peça onde descreveu o seu método de escrita de "The Raven" e onde afirma ter seguido estritamente este método. Os críticos duvidam que se possa ser assim tão calculista.
Poe escreveu uma trintena de livros: poesia, contos, romance. Eu apenas li «HISTÓRIAS EXTRAORDINÁRIAS», que são realmente extraordinárias. E li alguns poemas, através da internet.
Não fui, na infância, como os outro
se nunca vi como outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto,
que acordava o coração para a alegria.
Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância,
na alvada tormentosa vida,
ergueu-se,no bem, no mal,
de cada abismo,a encadear-me, o meu mistério.
Veio dos rios, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,
daquela nuvem que se alteava,só,
no amplo azul do céu puríssimo,
como um demônio,
ante meus olhos.
Edgar Allan Poe

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